sábado, 31 de outubro de 2009

MOBILIÁRIO TIPICO ALENTEJANO


                                                                   

MOBILIARIO TIPICO DO ALENTEJO
         

O mobiliário pintado alentejano é um estilo de mobiliário de características populares e regionais, que se enquadra no artesanato tradicional e envolve três atividades profissionais: a carpintaria, o empalhamento e a pintura.

Este mobiliário é um produto da cultura alentejana, relacionada com as formas e as funções tradicionais(usos e costumes). Sofreu alterações ao longo dos anos, consoante a realidade cultural do tempo em que era produzido e nos nossos dias é um testemunho real de permanências e inovações culturais.


 Tem uma componente marcadamente pessoal(o gesto), e reflecte uma atitude de criação colectiva.




É a partir de meados do Séc. XIX que encontramos menções escritas às cadeiras de Évora ou cadeiras alentejanas e muito raramente referencias a outras 

peças deste estilo de mobiliário.

Os móveis alentejanos são móveis típicos da região, pintados em tinta de esmalte com fundos brancos, azuis, verdes ou vermelhos e ornamentados com flores, tudo unido com laços coloridos.
As peças mais características são a cama, a escrivaninha, a cadeira com assento em buinho, o guarda fatos, a banquinha de cabeceira, o espelho e a arca.

Em Évora, um dos grandes divulgadores da pintura alentejana foi o Mestre Joaquim António dos Santos, "O Belizanda" nascido na freguesia de Santo Antão-Évora em 1890.  Numa entrevista que deu em 1980, o Mestre Belizanda dizia que os temas destas mobílias foram "deixadas pelos mouros.


Texto extraído da internete

CHAMINÉS






                                                                              

Nas terras alentejanas a cozinha reveste-se de especial importância,acumulando múltiplas funções-além da sua própria, a de refeitório, sala de trabalho e de acolhimento, pois grandes partes das casas abrem para ela a sua porta principal, tornando a cozinha sala de fora.
A lareira , quase sempre não elevada, fica sob a chaminé por onde os fumos se escoam totalmente,permitindo a irrepreensível limpeza da dependência que constantes caiações mantêm resplandecente.Exteriormente as grandes chaminés, na maior parte impostas na frontaria das casas,apresentam-se muitas vezes com molduras de argamassa ou gesso, desenhos esgrafitados, remates sem limite de imaginação.
Nas chaminés de saída cilíndrica a ornamentação confina-se às frechas de saídas de fumos, ou em anéis a elas emitados.
Amplamente se constroem largas chaminés de ressalto, partindo do solo ou de níveis mais elevados apoiados em mísulas, arcos tec.
É frequente também as ruas caracterizadas por competições entre chaminés todas diferentes.

As formas destas chaminés branqueadas a cal e o rendilhado das frestas são por vezes único motivo ornamental exterior da habitação.
No entanto a tiragem destas chaminés abertas a todos os ventos nem sempre funciona bem, e por isso alguns cegam parte das aberturas.


Outro artigo.
Na grande chaminé que vai de parede a parede, em cuja padieira os cobres brunidos e os "arames" estadeiam o seu festivo reflexo palpitante, arde um grande tronco de azinheira.
Àquele lume se achegam os amos e os feitores e os criados, todos no empenho de sacudir dos membros enregelados à friagem que o campo tenazmente lhes insinuou.Sobre a borralheira,entre as brasas de azinho,fazem-se os "magostos" de bolota para os rapazes.


A chaminé é o coração do monte. O lume largo e patriarcal que arde sob o chão, sem grelhas nem cachorros, fica de uns dias para os outros. Basta soprar o borralho em cada manhã, chegar-lhe uma mão cheia de gravetos , e ei-lo que se renova e esplende, redivivo.


A quem escreve estas linhas, mostraram um dia, num monte perto de Marmelar, uma chaminé onde o lume durava há 18 anos, sem nunca se ter apagado.


Sobre a arcada enegrecida das grandes fumaças do Inverno, umas varas de castanho vão de ponta a ponta, em encastradas nas taipas das paredes. Nela se penduram as carnes ensacadas, depois das grandes matanças que vão do Natal em diante, até ao Entrudo. Ali se "curam" os paios e os chouriços e as linguiças que são o conduto das longas digressões de trabalho.
(Texto copiado de um livro muito antigo sobre o Alentejo).
______________________________________________________ Mais um artigo sobre as chaminés Alentejanas que encontrei na Internete:-
As chaminés Alentejanas supostamente de origem arabe, podem ser cilindricas, quadradas ou rectangulares.
No alto da chaminés costuman estar cataventos que por vezes são verdadeiras obras de arte.
As suas dimensões variam e podem chegar até aos 3 metros de altura. com um metro de diametro.
Diz-se que o seu tamanho representava o estatuto social de quem as mandava construir, podendo existir várias chaminés num mesmo telhado.
A chaminé era um local chave na casa pois era opr debaixo da sua aboboda que a família se costumava reunir.
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sexta-feira, 30 de outubro de 2009

O MONTE

                                                                      O MONTE
                                                        


"Vila" romana, com as caracteristicas de grande propriedade agrícola, originou uma "instituição" que se manteve no Alentejo ao longo de séculos.

No meio dos campos semeados,perpetuado pela politica medieval de ocupação, defesa e povoamento, que levou Reis a doar imensas regiões às ordens militares, o monte é como uma pequena aldeia a que falta capela e cemitério. O verdadeiro monte tem um conjunto de construções e é geralmente situado numa elevação, dominando a maior área de terreno possível.

Já se perdeu a tradição da reunião de família e empregados à volta da lareira, sentados nos mochos, dividindo as tarefas do dia seguinte, contando histórias, ou, cantando, o seu encanto rústico ainda se mantém.
Nas pequenas fazendas, como nas grandes herdades " o monte" é a casa dos patrões ou dos rendeiros, e nele se abrigam também algumas famílias que constituem a corte rural.


Nas grandes herdades ,o monte é quase uma aldeia. Ao grande edifício central vieram juntar-se,um pouco arbitrariamente, os casões para o gado,as quadras, a casa do pateiro, a rouparia, os fornos de cozer pão , os alpendres para os carros, etc.
Mas embora aparentemente tudo isto se erguesse por além um pouco a esmo, cuidou-se sempre que as construções ficassem em 2 linhas que se defrontam e que formam o que em geral se chama " a rua do monte".
O monte é o centro do trabalho do campo.



O Monte Alentejano, coração da antiga lavoura, hoje apenas decorativo e evocador, no silêncio eloquente das suas alvas paredes, encontra-se quase desabitado já que o lavrador o abandonou.






À volta dele erguiam-se outras construções:


-A Capela-simples e modesta, com uma ou duas imagens no interior, o altar bem limpo e decorado com bonitas e valiosas rendas. Celebrada a missa, era da praxe o Prior almoçar com os donos da casa, benzendo a mesa antes e depois das refeições.

-A Casa do Guarda- semelhante a qualquer habitação da aldeia e onde este vivia com a mulher e os filhos
-A Quadra ou Cavalariça- casão grande e arejado, com piso calcetado e em cuja parede fronteira se localiza a importante manjedoura, mesa sempre posta com palha e feno , e onde os animais pernoitavam. Junto deles, dormia o «mulateiro», numa esteira ou tarimba e era ele quem à noite lhesw dava a ração e tinha por missão proceder à limpesa do estábulo.
-O Palheiro- recheado de palha, como o nome indica, que dali era tirada com «forquilhas» para fazer a cama das bestas e lhes encher a barriga
-A Vacaria- semelhante à quadra ou cavalariça, dela só diferindo por em vez de ser habitada por burros, mulas e éguas, se encontrar povoada de excelentes vacas leiteiras.
-A Capoeira- rodeada de redes com desenhos hexagonais, onde ,à noite recolhiam os «bicos» procurando no equilibrio do poleiro, o retemperar das forças para que no dia seguinte, muitos ovos aparecessem no local habitual, onde a lavradora os ia diariamente buscar. Aqui pernoitavam os bonitos galos, de alegre e garrida plumagem e voz de clarinete, que cumpriam escrupulosamente a sua missão diária de cantar ao amanhecer.
-O Ovil -de telhados baixos, onde só algumas ovelhas «afilhadas» e borregos passavam a noite, que a maioria dormia nas pastagens.
A Malhada-«casa de  habitação» de porcas «paridas» e leitões que não podiam acompanhar as «varas» que livremente se alimentavam no «montado».
-A Queijaria- que as mulheres primeiro caiavam muito bem, tiravam as pigas do chão,esfregavam as «ferradas» e «azadas», limpavam a banca, as latas para o requeijão e as cintas onde eram fabricados os queijos. Também era arranjada a «caniçada» onde o queijo fresco seria colocado aq «curar». Chamava-se «roupeiro» ao homem que fazia este delicioso conduto.
-O Lagar-apenas existente nas propriedades onde havia grande «ramo» de olival que justificasse a sua laboração.
-A Amassaria- casa ampla, cimentada ou calcetada, onde o pão era amassado, uma ou duas vezes por semana, conforme a quantidade de pessoal e os costumes que imperavam nas redondezas. O amassador ou a amassadeira, deixava sempre uma porção de massa de cada amassadura e que seria o fermento da seguinte
-O Forno- construido com tijolo «burro» tinha uma porta de ferro e servia para assar os borregos e os leitões e para coser o pão, que era para lá metido e de lá tirado com umas pás de madeira, com um cabo muito comprido.
-A Cozinha dos Ganhões-com grandes mesas rectangulares, algumas com tampo de mármore e com compridos bancos da mesma forma, onde a ganharia tomava as refeições e perto da quaal se situava a dependência que lhe servia de quarto.
-A Casa da Malta ou Gasalho-de paredes por rebocar e cheias de teias de aranha. Era aqui que descansavam os «sem eira nem beira» de quam o lavrador se compadecia. Tinha no chão umas esteiras e uns fardos de palha, tapados com mantas velhas ou sacos de azeitona e que servia de cama.
Nas lavouras mais importantes ainda existia a carpintaria ou abegoaria, onde o carpinteiro ou o abegão fazia e restaurava as carroças., carros e carretas e, a oficina de ferreiro, casa terrea, com uma forja.
-Os Ganhões- criados eventuais que desempenhavam os trabalhos mnais dificeis e que eram os ultimos da hierarquia campesina. Ganhavam mal.
-O Feitor- que era quem mais de perto contactava com o patrão e transmitia as ordens deste a toda a criadagem.
-O Cozinheiro- encarregado da confecção dos alimentos para todo o pessoal
-O Maioral-moural - como diz o povo, encarregado geral de todos os rebanhos. Nalguns locais chamam-lhe «rabadão»
-Os Ganadeiros- cada um com o seu nome proprio consoante o gado que guardavam.
(do Livro:-Motivos Alentejanos de João Ribeirinho Leal)


ARTESANATO









                                    ARTESANATO

Alguns exemplos do nosso artesanato.


O nosso artesanato é feito de coisas simples, mas é gracioso. É uma evocação do passado ( a carroça puxada pelo muar, a bilha de água, a charrete normalmente destinada a transportar os patrões ou familiares, etc, etc.
Normalmente utiliza os mais variados produtos produtos, como a olaria,tapaçaria, latoaria, trapologia, cortiça e barro.
As mãos calejadas pelos duros trabalhos, habilidosamente conseguem dar forma prática ao que a imaginação trabalha. É uma fonte inesgotável para qualquer artesão .


Em Évora existe o Museu do Artesanato de Évora , onde se pode ver em pormenor a riqueza do que é o Artesanato Alentejano.



O Cocharro de cortiça
Objecto tradicional do Alentejo, o cocharro ou cocho, de cortiça era usado para beber água durante os trabalhos do campo.
Nas fontes havia sempre um para beber água fresca e mesmo em casa era normal beber pelo cocharro.

Tarro
É um tacho feito de cortiça com tampa, onde os pastores transportavam o almoço.

Louça de Barro de Redondo.


Existem 2 tipos desta louça vidrada e figurada., uma das mais interessantes do País,
     
                              
Para uso de maior rudeza(alguidares) e usos leves (pratos). Na decoração predominam flores ou folhagem, o sol,o galo,a casinha,, o sobreiro e a figura humana no seu trabalho de pastoreio. Merece destaque o açafate de flores.

Existem nomes e legendas típicas das decorações deste artesanato, como por exemplo: recordação, Rosa, o Redondo é o Rei das Louças, entre muitas outras.
(pesquisa no Google)


                               CM-Crato  do Livro O Melhor do Alentejo

ARTESANATO TIPICO

A arte de trabalhar com as maõs ainda está muito presente nos usos das gentes alentejanas.
Algumas peças que ainda são feitas, apesar de já não fazerem parte da vida quotadiana, servem para ilustrar os antigos sostumes alentejanos.


O artesanato é vasto, temos desde pequenas peças de madeira que na maioria resultam da chamada "arte pastoril". Chocalhos( de Alcáçovas).Se passar pelo Redondo dê um salto às olarias e delicie-se com as peças de cerâmica, cheias de formas e cores.
Tipicamente alentejanas, são as mobilias pintadas, de cores vivas e com pequenos desenhos, enchem de alegria qualquer espaço.(VER :MOBILIARIO TIPICO ALENTEJANO)



Ao visitar Arraiolos, não poderá deixar de conhecer os famosos tapetes,ela
borados ponto a ponto, dedilhados por bordadeiras delicadas.

Também em Portalegre são conhecidos os tapetes feitos em tear.
Tarros de cortiça, rendas, bordados, peças em mármore, fazem parte do artesanato tipico alentejano.
(da internete)
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BONECOS DE ESTREMOZ SÃO PATRIMÓNIO DA HUMANIDADE

Os bonecos, em barro, de Estremoz foram admitidos como Património Cultural Imaterial da Humanidade, na 12ª Reunião do Comité Intergovernamental da Unesco, numa cerimónia que decorreu, dia 7 de Dezembro, na Ilha de Jeju-Coireia do Sul. Uma distinção que pretende defender os artesãos e proteger e certificar os bonecos originais de Estremoz. O  reconhecimento de uma arte, com cerca de 300 anos.
Diário da Alentejo  29/12/2017
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segunda-feira, 26 de outubro de 2009

HISTÓRIA DA HEROICA CEIFEIRA CATARINA EUFEMIA

    



HISTÓRIA  DA CEIFEIRA CATARINA EUFÉMIA





Catarina Efigénia Sabino Eufémia era o nome completo de Catarina Eufémia,foi uma ceifeira que na sequência de uma greve de assalariados rurais, foi assassinada a tiro pelo Tenente Carrajola da GNR.
Nasceu a 13/02/1928 e morreu a 19/05/57.Era uma analfabeta de 26 anos, mãe de 3 filhos, um dos quais, de 3 meses estava a seu colo no momento em que foi baleada.
A tragédia histórica de Catarina acaba por personificar a resistência ao regime de Salazar.
O Alentejo à época, era uma região de latifúndios e de emprego sazonal, onde as condições de vida dos assalariados era difícil.
No dia 19 de Maio de 1954 em plena época de ceifas, Catarina mais 13 outras ceifeiras foram reclamar com o feitos da propriedade, para pedir um aumento de 2 escudos pela jorna.

Catarina foi escolhida pelas suas colegas para apresentar as reivindicações.
A uma pergunta do tenente da Guarda, Catarina terá respondido que só queriam "trabalho e pão"
Como resposta teve uma bofetada que a enviou ao chão. Ao levantar-se terá dito: " Já agora mate-me" .O tenente da Guarda disparou 3 balas.
As autoridades resolveram realizar o funeral às escondidas, mas quando se preparavam para iniciar o funeral, o povo correu para o caixão com gritos de protesto. As forças policiais reprimem com grande violência a população.
O caixão que era para ser levado para Baleizão, foi para Quintos, terra do marido António Joaquim do Carmo, que era cantoneiro.
Em 1974 os seus restos mortais foram transladados para Baleizão.

O tenente Carrajola foi transferido para Aljustrel sem nunca ser julgado em tribunal. Faleceu em 1964.
(elementos extraídos da impressa da época.

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Filha de camponeses sem terra, Catarina Eufémia nasceu, no 13 de Fevereiro de 1928, no Baleizão. Os pais trabalhavam num latifundio e Catarina trabalhava em casa. Nem sequer teve tempo para ir à escola.
Começou a trabalhar nos latifúndios, durante a adolescência. Aos 17 anos casou-se com António Joaquim (operário da CUF) e foi viver para o Barreiro.
Mais tarde, António Joaquim foi dispensado da CUF e o casal regressou a Baleizão.
Antonio Joaquim Conseguiu emprego de cantoneiro, em Quintos.Mas o seu salário não chegava para sustentar a familia e Catarina voltou a trabalhar nos latifúndios.
No dia 19 de Maio de 1954, Catarina Eufémia liderou um grupo de 14 ceifeiras que exigiam o aumento de mais de 2 escudos por jorna diária.
Na herdade do Olival, o grupo foi cercado por soldados da GNR e o tenente Carrajola matou Catarina.
Durante o funeral, a GNR dispersou à bastonada a multidão que protestava contra a sua morte.

Texto extraido da NET
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CANTAR ALENTEJANO
Vicente Campinas

Chamava-se Catarina
O Alentejo a viu nascer
Serranas viram-na em vida
Baleizão a viu morrer

Ceifeiras na manhã fria
Flores na campa lhe vão pôr
Ficou vermelha a campina
Do sangue que então brotou

Acalma o furor campina
Que o teu pranto não findou
Quem viu morrer Catarina
Não perdoa a quem matou

Aquela pomba tão branca
Todos a querem pra si
Ó Alentejo queimado
Ninguém se lembra de ti

Aquela andorinha negra
Bate as asas p`ra voar
Ó Alentejo esquecido
Inda um dia hás-de cantar

Este poema foi  musicado pore José Afonso, no album «Cantigas de Maio» editado no Natal de 1971



ALDEIA TIPICA ALENTEJANA











                                 ALDEIA TIPICA ALENTEJANA    
                                                                 

Serão naturalmente, as casas de andar           único,caiadas de branco,com molduras azuis nas portas e janelas, as estradas em paralelo de granito, tomamdo o lugar do alcatrão,os banquinhos de madeira à porta das casas onde inúmeras vezes se encontram amáveis senhoras que, ao passarmos nos dizem "Boa Tarde" apesar de não nos conhecerem, ruas limpas, ordenamento do território, pessoas simpáticas, organização cultural e recreatica, nomeadamente as famosas "Casa do Povo", estas são entre outras, características que associamos sempre ao Alentejo.
E naturalmente sentir aquela ar, aquele ar de espírito, o modo de vida tipicamente Alentejano..   
Panoias
                                                                                                                                                                                                                       
(Artº de:-Aldeias, Pelos Caminhos de Portugal-25-05-2006)


A Loja da Aldeia
Por todo o Alentejo, os pequenos estabelecimentos de aldeia vendem de tudo,desde a mercearia ao calçado, das roupas aos pregos e cereais, passando pela carne de porco e os electrodomésticos.
Nos nantigos tempos das « crises de trabalho», todo o lojista tinha o «borrão» ou «livro de assentos» onde ia apontando os nomes dos que, por não auferirem qualquer salário, tinham de «levar fiado»
Quando arranjavam emprego, com o primeiro dinheiro que recebiam, iam imediatamente pagar a conta, pedindo ao comerciante para os «derrisar».
Sempre havia quem constituisse excepção, fosse amigo de «ferrar o cão», pelo que o povo, na sua sábia filosofia, compôs a seguinte quadra:
«Nesta coisa dos fiados,
Duas coisas acontece;
Fic`à gente sem o dineiro,
E o freguês....desaparece!!!!!!!!
e também esta frase humorista, que tive oportunidade de ler no estabelecimento da Tá Ventura,da aprazível vila de Nisa:
«Só se fia a pessoas com mais de 90 anos  mas....acompanhadas de  seus pais. Do livro :- MOTIVOS ALENTEJANOS de João Ribeirinho Leal)

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                            AS NOSSAS   CASAS   CAIADAS

É o espaço aberto que parece não ter fim. São as côres e os cheiros que brotam da terra. É a inconfundivel traça da arquitectura rural, presente nos "montes" das grandes herdades, no casario mais antigo das cidades, vilas e aldeias ou nas ermidas que pintam de branco o alto dos cabeços. É o que se lê nas formas de ser e de fazer, nas artes que se conservam e se renovam, na tradição que se mantem e se recria,no "cante" que, que alma e coração, só os alentejanos sabem cantar.
Ao longo da sua viagem vai descobrir o grande exemplo de sabedoria que é a arquitectura tradicional. As construções integram-se na paisagem como se dela fizessem parte,utilizaram materiais e soluções adaptadas ao clima e á função e formaram conjuntos naturalmente equilibrados que, ainda hoje, são fonte de inspiração para as intervenções contemporâneas.
No Norte Alentejano são incontornáveis as Vilas de Marvão e Castelo de Vide, esta última com a Judiaria mais espantosa de toda a região.. Mas veja também Alegrete dentro e fora do Castelo, a minuscula Flor de Rosa, o centro  histórico de Vide e Alter Pedroso.
No Alentejo central .é obrigatório conhecer as três joias patrimoniais que são Evoramonte, Terena e Monsaraz.Como exemplo de uma vila viva e bem cuidada, visite Redondo. Como paradigma de recuperação de uma aldeia totalmente abandonada, S.Gregório no sopé da Serra d`Ossa.
No Baixo Alentejo, destacam-se os centros históricos de Alvito, Serpa e Mértola, cada um com o seu ambiente especifico, mas também o casario antigo de pequenos lugares  como Vila Alva, entre Alvito e Cuba, Casével e Aivados, junto a Castro Verde, e a bela Messejana, a dois pasos de Aljustrel.
No lioral Alentejano, três pequenas aldeias, com enquadramentos muito diferentes, são o suficiente para mostrar, a qum passa férias nesta zona por causa do sol e mar, que vale a pena descansar da praia de vez em quando e dar uns passeios pelo interior. Santa Susana (Alcacer do Sal), Lousal (grandola) e a serrana Vale Santiago(Odemira).


Sempre que percorrer uma aldeia, procure identificar as caracteristicas mais marcantes da arquitectura rural: as casas só com umpiso terreo; as paredes grossas e com poucas aberturas, tradicionalmente construidas em taipa, solução sábia para com poucos meios, conservar o calor no Inverno e a frescura no Verão; as enormes chaminés, por vezes mais altas que as casas, por onde saiem os fumos das lareiras que aquecem as noites frias e curtem chouriços caseiros; o lugar priviligiado que ocupa a cozinha; o forno do pão, por vezes comum a toda a aldeia, com a sua inconfundível forma abobadada; a textura das paredes exteriores e interiores que, ano a ano, as mulheres vão cobrindo com novas camadas de cal; e os coloridos rodapés que, nos velhos tempos, se pintavam predominantemente de ocre e de azul.


(artigo extraido da Internete- As nossas Casas Caiadas- Turismo do Alentejo)

quarta-feira, 21 de outubro de 2009

CEIFEIRAS E TRAJOS ALENTEJANOS




                                                         






CEIFEIRAS E TRAJOS ALENTEJANOS


  
As ceifeiras Alentejanas faziam o almoço de manhã muito cedo, metiam o almoço numas cestas de verga ou cana.
Calçavam umas meias sem pés que se chamavam "plainas". Nos braços usavam uns "mangos", na saia faziam um "regaço" e punham um lenço na cabeça e um chapéu de palha.Levavam a cesta à cabeça e a foice no braço.
Para ceifar punham umas dedeiras de cana nos dedos para não se cortarem.
As ceifeiras alentejanas ceifavam todo o dia "do nascer ao pôr do sol"


                          TRAJOS ALENTEJANOS

Desaparecido quase completamente do uso corrente o antigo «chapéu braguês» o homem e a mulher no Alentejo deram em copiar o uso raiano de uns chapéus de aba direita e copa tronco-cónica,que são uma introdução de além fronteiras. A jaqueta ou "véstia"que ainda há 40 anos era de uso comum, há muito que começou a substituir-se por outra indomentária com ressaibos citadinos e pretendidos ares civilizados. Nas povoações rurais mais distantes da capital da província,ainda o seu uso conserva como que uma tradicional ligação às antigas costumeiras. Tem as algibeiras enviesadas, e botões no canhão da manga. É curta, pela cintura, deixando a descoberto a cinta de seda para conchego da calça. As camisas ou são brancas ou de riscadinho.Nem gravata nem passadores para apertar o colarinho afogado. Calça justa, de cotim ou tecido caseiro. A antiga calça de "boca de sino" começa desaparecendo dos usos provincianos. No inverno, os trajes da gente do campo conservam um carácter pastoril que lhe vem da sua intima ligação com a terra(Os pelicos e os ceifões de que já fiz referencia) A mondadeira e a ceifeira alentejanas ainda preferem as botas de canos,de bezerro, atacadas pela perna acima. Se as não têm, calçam sapatos cardados, de cabedal cru, próprios para marchar sobre os regos ainda húmidos, ou sobre os torrões escaldados, no tempo da ceifa.As saias prendem-se à perna formando uma espécie de calções que deixam os movimentos livres e adequados ao trabalho que se executa.Os lenços de ramagem resguardam a cabeça e as faces e às vezes a boca, num rebuço de caracteristico aspecto. Sobre a cabeça usa-se o chapéu de copa alta e abas direitas.Na fita do chapéu, com feminina garridice, prende-se um molho de espigas maduras ou de flores silvestres.

     A gente de mais idade ainda  usa um xaile.As raparigas já começam desdenhando deste lindíssimo atavio feminino, tão conforme com o clima e tão naturalmente realçador das graças da mulher. Aberto, caindo quase dos ombros, e apanhado com uma das mãos na cintura, descobrindo o busto(Moura):dobrado sobre o braço, de cadilhos pendentes;erguido até à boca e bem cingido no inverno;posto pela cabeça e fazendo o rebuço da cara, deixando apenas ver os olhos, em sinal de luto ou de desgosto- o xaile alentejano ainda é hoje um dos mais típicos elementos do vestuário feminino,e uma das mais graciosas peças da sua indumentaria. A mulher do campo, fora das fainas tradicionais copia já com servilismo, os hábitos introduzidos em cada terra. (apontamentos tirados de um livro, muito antigo sobre "coisas"alentejanas 




Capote

Tal como na arquitectura, o alentejano conserva no seu trajar, como nenhum outro povo português, personalidade e tradições cheias de sabedoria. Referem-aqui unicamente três das mais tipicas peças da indumentária rural masculina do Alentejo, funcionais elementos da beleza que o homem acrescenta à paisagem grandiosa. Os àsperos dias de inverno fazem sair à rua o protector capote. De talha quase direita, o capote Alentejano é uma peça de abrigo notavelmente funcional e prática :-os braços mantêm plena liberdade de movimentos, o corpo nunca se sente apertado, o frio não entra... Vasto e de certo peso, vai quase roçar o chão cobrindo assim todo o corpo. Leva subrepostas até à cinta uma ou duas romeiras e as ombreiras - talvez herança seiscentista ou ainda anterior-acrescentam o resguardo.. A Gola em pela de raposa ou outra igualmente fina, usa-se com frequência levantada, magnifico aconchego da nuca e do pescoço,.Tradicionalmente fabricado de burel branco e também em negro para ocasiões solenes e cerimoniosas, a sua funcionalidade como a linha elegante têm-lhe grangeado larga expansão pelo pais e além fronteiras.,exportado especialmente para Espanha.. Ao capote de trabalho chamam aguadeiro. Igualmente para defesa dos frios, os pastoris pelico e safões. São confeccionados em pele de borrego, confortáveis e de fácil obtenção.


O Pelico


É uma especie de casaca de abas largas e compridas, sem mangas, com ombros salientes protegendo os deltoides.



Os safões 


Aoque parece palavra derivada do antigo hebraico çahon, indicação talvez da sua muita idade -são calças a sobrepor às de pano que se usam ajustadas. Nos meses de calor substituem-se os safões de pele por outros de lona branca. Pelico e safões costumam ser debruados da saragoça, pregados de bgotões metálicos e apertados com tiras de cabedal.


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